Você
atira em mim, mas eu não caio.
Há
alguns domingos atrás, mais precisamente no dia 20 de setembro de
2015, escrevi um texto de cunho feminista: Não podem nos segurar. Eu
fiz porque resolvi me posicionar como mulher e como nerd, jogadora de
RPG. Fui dessas que até a um tempo atrás dizia que a experiência
na comunidade fora sempre positiva e que, portanto, meu ingresso no
movimento de mulheres dentro do meio nerd/geek era para apoio as
minhas colegas.
Não há
uma lente cor de rosa de coisas boas que afaste a experiência de
outras meninas, no qual a sua mera presença torna-se uma 'ameaça'
ao equilíbrio da mesa e do emocional precário dos demais colegas
homens do grupo, pelo simples fato de ser mulher. Se você não se
posiciona em apoio a quem sofre o problema, a vítima, estará por
consequência direta do lado de quem fez o mal.
Do início
do ano para cá, eu fui envolvida em relatos que parecem saídos de
uma mente doentia – de uma não, várias. Não são poucos relatos,
e eu vi que era a exceção, não a regra do meio. Desde pequenos
desconfortos a atos de efetivo assédio físico e moral.
Comecei a
notar que eu tinha que me manifestar a partir daí, antes não tinha
me posicionado. Passei a ler relatos, a acompanhar grupos e
discussões. Aprofundar-me nos problemas de colegas dentro da
comunidade como um todo. Ter de me segurar para fingir manter a
discussão num nível determinado de 'cordialidade' para não
desconsiderarem meus argumentos - apesar que, por ser mulher, isso
acaba sempre estando implícito. Se alguém tivesse me dito que do
ano passado para cá, eu estaria nessa, ficaria um tanto quanto
surpresa. Para não dizer que chamaria a pessoa de maluca.
E digo
mais, é como se sempre tivesse feito parte da minha vida. Não se
engane, como mulher, faz parte sim, as minhas experiências dão
conta disso. Os textos das teóricas fazem parte, e conforme as
coisas se encaixam e evoluem, elas também vão fazendo parte do meu
mundo.
Eu, com
toda a certeza, não tenho respostas. Eu tenho algumas opiniões,
achismos e muitas dúvidas ainda. Feminismo é construção, é
vivência. A cada dia formo um pouco mais o que me vai na cabeça.
Academicismo também faz parte, mas não é todo. Nós somos o todo e
na hora que descobrirmos isso, as coisas irão mudar.
Aqui é
apenas uma introdução permeada de algumas inquietações. Espero
poder fazer desse pequeno espaço uma constante e dividir com vocês
o que eu penso a respeito de tudo dentro desse espectro de luta.
Quem não
se posiciona, está a favor da opressão.
Pensem,
contestem e opinem.
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